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O Encolhimento e o Envelhecimento da População no Sul de Minas

Em 2020, segundo dados do Instituto Mineiro de Responsabilidade Social – IMRS, o Sul de Minas Gerais, que é composto por 155 cidades, apresentou uma população estimada de 2.793.547, esta população se assemelha a Lituânia.

Ao compararmos os resultados com a população do ano de 2000, que era de 2.384.851, observa-se um crescimento de 17,14%. O ritmo de crescimento foi lento, até 2005 o crescimento passava de 1% ao ano, após este período, o crescimento ficou próximo a 0,5% a.a.

Mas a realidade de crescimento não é a de todas as cidades da região. Nestes 20 anos (2000 a  2020), 38 cidades apresentaram redução na sua população. As cidades que apresentaram quedas constam na tabela a seguir: 

Cidades

População em 2000

População em 2020

Queda %

Senador José Bento

2371

1461

-38,38%

São Pedro da União

5618

4610

-17,94%

Marmelópolis

3293

2728

-17,16%

Liberdade

5792

5031

-13,14%

Pouso Alto

6669

5900

-11,53%

Munhoz

6656

5994

-9,95%

Itutinga

4140

3768

-8,99%

Aiuruoca

6469

5976

-7,62%

Capetinga

7424

6890

-7,19%

Pedralva

12009

11146

-7,19%

Pratápolis

9217

8566

-7,06%

Passa Vinte

2164

2031

-6,15%

Itumirim

6391

6000

-6,12%

Santana da Vargem

7521

7073

-5,96%

Carvalhos

4733

4461

-5,75%

Serranos

2071

1956

-5,55%

Itamogi

10723

10157

-5,28%

Coqueiral

9612

9128

-5,04%

Brazópolis

15165

14410

-4,98%

Alagoa

2800

2665

-4,82%

São Tomás de Aquino

7303

7000

-4,15%

Arantina

2906

2787

-4,09%

Santa Rita de Caldas

9278

8924

-3,82%

Maria da Fé

14607

14056

-3,77%

Córrego do Bom Jesus

3827

3694

-3,48%

Bom Jardim de Minas

6643

6459

-2,77%

Caxambu

22129

21610

-2,35%

Wenceslau Braz

2596

2548

-1,85%

Dom Viçoso

3034

2997

-1,22%

Cristina

10339

10226

-1,09%

Botelhos

15101

14949

-1,01%

Jesuânia

4823

4780

-0,89%

Andrelândia

12310

12206

-0,84%

Luminárias

5482

5438

-0,80%

Virgínia

8699

8663

-0,41%

São João da Mata

2752

2746

-0,22%

Muzambinho

20589

20545

-0,21%

Delfim Moreira

8032

8016

-0,20%

Fonte: IMRS, 2000, 2020, tabulado por Geesul.

As microrregiões de Andrelândia e Itajubá foram as que apresentaram a maior quantidade de cidades (8 em cada) com redução da população, representada pelas cores azuis no mapa.

Mapa do crescimento populacional nas cidades do Sul de minas:

Fonte: IMRS, 2000, 2020, tabulado por Geesul.

Entre as cidades que apresentaram maior crescimento neste período estão: Extrema (92,26%), São Bento Abade (43,14%), Pouso Alegre (42,87%), Santa Rita do Sapucaí (39,95%) e Juruaia (39,08%). A pergunta que fica é: porque cidades como estas cresceram mais que outras. Uma das explicações está na dinâmica econômica de cada município e as oportunidades ofertadas à população local. Cidades com mais oportunidades, seja para trabalho ou estudo, atraem mais pessoas.
A atual pirâmide etária do Sul de Minas mostra maior concentração de pessoas entre 20 a 44 anos de idade, porém dividida de forma bem homogênea.
 
Pirâmide Etária do Sul de Minas em 2020:
 

Fonte: IMRS, 2020, tabulado por Geesul.

Porém uma análise histórica mostra um envelhecimento da população. Do ano de 2000 para o ano de 2020, as faixas etárias abaixo de 19 anos apresentaram reduções, enquanto a população adulta, e principalmente idosa, cresceu consideravelmente.
 
Diferença percentual da população por faixa etária entre 2000 e 2020: 

Fonte: IMRS, 2000, 2020, tabulado por Geesul.

São menos jovens e mais idosos na região a cada ano, e isso traz implicações econômicas, mercadológicas e sociais. O raciocínio é simples. Olhe para o passado, quantos filhos sua avó teve? E atualmente quantos filhos essa geração quer ter? Saímos de uma média de 6 a 10 filhos por casal, para 1 ou nenhum filho, atualmente. Em algum momento no futuro a “conta” vai chegar.
 
Jovens mudam de cidades menores (como visto na tabela acima) em busca de oportunidades em cidades maiores ou até fora do país, e onde estiverem, têm menos filhos. Esse impacto é duplamente perigoso, será menor a mão de obra disponível para trabalho, ao passo que teremos menos consumidores para as empresas.
 
Quanto aos mais velhos, o problema passa a ser tanto econômico quanto social. As pessoas vivem mais devido ao avanço da medicina e da qualidade de vida de vários lugares da nossa região, mas ao mesmo tempo temos um descolamento da realidade entre mercado de trabalho atual e pessoas acima de 40 anos, tanto quanto preconceito de empresas com mão de obra de pessoas mais velhas, quanto ao despreparo desta antiga geração com as tecnologias e habilidades exigidas no mercado atual. Aí vem o problema social. Mais idosos e sem trabalho, é de se esperar uma sobrecarga no sistema de seguridade social e de saúde.
 
Esta é uma tendência mundial, as pessoas mudaram suas percepções de vida e cada dia tem menos filhos, mas a economia não reagiu ainda a esta mudança, pelo menos pelas “bandas” de cá. É necessário pensar na maior aplicação de tecnologia para substituição da mão de obra que ficará escassa; também é necessário repensar nos modelos de negócios, com a reinserção de pessoas em idades mais avançadas, mantendo o nível de competitividade e produtividade; ainda no setor público, prever os gastos e auxílios a parcela da população que não será capaz de acompanhar esta mudança; e por fim, para as empresas, uma mudança no público-alvo, reduzindo a atenção às parcelas mais jovens, e aumentar para adultos e idosos, e até mesmo pensar na reformulação de seus produtos diante na nova realidade. 
 
15 de agosto de 2022
 
Guilherme Vivaldi 
Membro Fundador
 
 
 
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