O estudo recente do Radar Tecnológico do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes), trouxe o Mapeamento dos pedidos de patentes sobre tecnologias relacionadas ao café em todo o mundo. Através dos dados, fica claro o posicionamento dos países na Cadeia Global de Valor e como o Brasil se posiciona em camadas inferiores, menos desenvolvidas e menos lucrativas. Os dados foram analisados pelo fundador do Geesul, Guilherme Vivaldi, e teve colaboração do economista Paulo Gala.
Os dez principais países que solicitaram patentes de base tecnológica para o café nos últimos anos não são produtores de café, mas produzem máquinas, embalagens e bebidas à base de café. A China detém a maior quantidade, com mais de 18 mil pedidos de patentes em todo o mundo, seguida pelos EUA, com quase 15 mil pedidos, ambos países com forte política industrial e de desenvolvimento tecnológico. No entanto, o Brasil, o maior produtor mundial de café, fica apenas em 16º lugar no ranking das patentes de tecnologia para o produto.
O Brasil ainda está preso à história de décadas atrás, com uma política comercial pautada na exportação de commodities, somada a baixos incentivos e alta taxação para a indústria nacional. Ao manter sua posição inferior na CGV, o Brasil serve de alicerce para o desenvolvimento de indústrias estrangeiras, que o utilizam como elo de abastecimento.
A baixa complexidade econômica brasileira fica evidente quando analisamos os números do estudo do Radar Tecnológico. Há pouca diversificação diante do potencial produtivo do insumo que possuímos. Isso se ratifica ao observarmos os estados brasileiros: Minas Gerais (89), o maior produtor nacional do grão de café, não é o maior solicitante de patentes de tecnologia para o produto. Em vez disso, é São Paulo (215), que há décadas abandonou o café como indutor de sua economia e, através de sua industrialização, permitiu uma maior diversificação produtiva e desenvolvimento econômico.